4.10.06

Hoje é o dia deles, dos bichos e de São Francisco de Assis

Seu cachorro ama você.
Seu cachorro foi programado biologicamente pra amar você.
Ele ama você, mesmo quando você se atrasa ou esquece de botar água pra ele.
Mesmo que você tenha fraquejado.
Mesmo que você fraqueje todos os dias.
Mesmo que você ceda e se perca, mesmo que você minta.
Mesmo que você tenha tanto ódio dentro de você, que doa.
Mesmo que você tenha tanta dor dentro de você, que você odeie.
Mesmo que você tenha estragado tudo.
Mesmo que um ex-caso seu fique noivo duma moça lindíssima, na frente das câmeras da revista caras.
Mesmo que você brigue no trânsito e mande o cara do AUDI vir chupar seu pau.
Mesmo que você chegue em casa sujo, pobre, humilhado, mal humorado. Mesmo que os outros riam de você.
Mesmo que você esteja de ressaca.
Mesmo que você tenha gatos, muitos gatos.
Seu cachorro ama você, mesmo quando você não está com saco pra ele e tranca o bichinho na área de serviço.
Mesmo quando nenhuma editora do mundo quer saber das merdas que você escreve e você ouviu 104 “nãos” nos últimos 16 meses.
Mesmo quando seu maldito computador dá pau e você perde as imagens das aulas.
Mesmo que você tenha medo de sair de casa.
Mesmo que você tenha medo de falar com as pessoas.
Mesmo quando seu rímel tá borrado.
Mesmo quando você, com o gato no colo, manda que ele desça da cama.
Mesmo quando você se odeia.
Mesmo quando você é mesquinha, seu cachorro vai amar você.
Mesmo quando você foge do seu ex-namorado no supermercado.
Mesmo quando todos os seus amigos de infância viraram uns caras emproados e esnobam você solenemente.
Mesmo quando você programa o aparelho de som e ouve a mesma música novecentas vezes.
Mesmo que você trabalhe 15 horas por dia, chegue em casa, caia morto na cama e não brinque com ele.
Mesmo que o amor da sua vida tenha casado com uma menina 10 anos mais nova e 40 quilos mais magra que você.
Mesmo que seu bebê tenha morrido.
Seu cachorro ama você, mesmo quando ele come seu sapato cor de rosa.
Mesmo que o George Clooney não responda seus telefonemas.
Mesmo que você tenha sido assaltada por um motoqueiro no farol da Rebouças.
Mesmo que você ponha o bichinho de estimação dele na máquina de lavar roupa e o brinquedo encolha.
Mesmo que você não saiba o que fazer com os verbos “competir” e “polir” no presente do indicativo.
Mesmo quando você come chocolate demais.
Mesmo quando você chora olhando no espelho.
Mesmo quando você queima a lasanha, seu cachorro ama você.
Mesmo que você fique 20 dias sem escrever no blog.
Mesmo que você nem tenha blog.
Mesmo que você perca o prazo do cliente.
Mesmo quando você toma soníferos demais misturados com martini e, lá no fundo, sabe que não foi sem querer.
Mesmo que você seja caipira no telefone.
Mesmo que, no meio da crise de insônia, você vá lá acordá-lo pra não ficar sozinha.
Mesmo que você tenha desistido da faculdade de veterinária e de mais 4 faculdades.
Mesmo quando você fala com ele na mais irritante voz de bebê desse mundo.
Mesmo que você não veja o que está bem debaixo do seu nariz.
Mesmo quando o que mais move você não pode ser dito *.
Mesmo quando você está muito doente.
Mesmo quando você esquece de comprar leite.
Seu cachorro ama você, mesmo quando seu saldo está 3.874,98 negativos no banco, mesmo quando sua perna está terrivelmente inchada.
Mesmo que você seja viciada em listas que não servem para nada.
Mesmo que seu aluno repita o ano.
Mesmo que você repita o ano.
Mesmo que você tenha lavado seu teclado encardido no tanque, quebrado a máquina digital, perdido o controle remoto do DVD e que não saiba programar o vídeo cassete.
Mesmo que você vá às lágrimas com as reprises de Sex and the City.
Mesmo que você o xingue de “fedido”, mande ele tomar banho na loja e ele volte com dor de ouvido e com uma gravata patética do Piu-Piu.
Mesmo que a mocinha da editora diga que você não está à altura da empresa dela.
Mesmo quando todas as suas amigas de infância têm bebês e você não.
Seu cachorro ama você, mesmo quando sua mãe nem tanto.
Mesmo quando você voltou a roer unhas.
Mesmo quando tanto amor irrita e ofende **.
Mesmo quando você o atrai com beijocas e biscoitos e daí passe remédio de pulga na nuquinha dela na maior trairagem.
Mesmo quando você gasta uma fortuna em tralhas variadas.
Mesmo quando você chora debaixo do chuveiro, pra sua cara não ficar inchada.
Mesmo quando você desconfia que nosso caso está na hora de acabar.
Mesmo que nada, nada, nada tenha salvação.
Seu cachorro ama você.
(*) é uma frase da escritora Laura Guimarães
(**) é uma frase da empresária Sílvia Fernandes, a Sealvia.

O texto é
DELA... de quem mais? :-)





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