14.2.06
Os desvarios de Patrícia
Hoje já faz muito tempo que eu nasci.
Antes de nascer, estava escuro e eu tinha medo. Não: estava claro, de
uma
clareza lancinante.
Eu é que escureci,
diante de tanta.
Mas há que se atravessar o deserto de luz - disseram aqueles que dizem
"oh, senhor dos exércitos".
Atravessei.
Na travessia, vi: alto, fundo, caminhos de água.
Ontem a magnólia estava cheia de flores brancas.
Hoje amanheceu tudo no chão.
A chuva levou.
O mistério da vida é tão simples
que desconcerta.
Hoje já faz muito tempo que eu nasci,
des_consertada e outra vez,
quis e pedi mais
dias, meses, anos,
não para o senhor dos exércitos, cujo nome me intimida um pouco,
mas para o senhor dos rochedos -
com esse peguei muita intimidade.
Quis e pedi outra chance.
Quis e pedi outra fenda.
Quis e pedi outra dor - a de,
tendo visto,
voltar a cega.
Parece triste, mas por isso tenho o peito em festa.
Sem a cegueira, não me vejo.
Sem essa dor, que é a alegria:
achar tão desimportantes
as desimportâncias do mundo.
Antes de nascer, estava escuro e eu tinha medo. Não: estava claro, de
uma
clareza lancinante.
Eu é que escureci,
diante de tanta.
Mas há que se atravessar o deserto de luz - disseram aqueles que dizem
"oh, senhor dos exércitos".
Atravessei.
Na travessia, vi: alto, fundo, caminhos de água.
Ontem a magnólia estava cheia de flores brancas.
Hoje amanheceu tudo no chão.
A chuva levou.
O mistério da vida é tão simples
que desconcerta.
Hoje já faz muito tempo que eu nasci,
des_consertada e outra vez,
quis e pedi mais
dias, meses, anos,
não para o senhor dos exércitos, cujo nome me intimida um pouco,
mas para o senhor dos rochedos -
com esse peguei muita intimidade.
Quis e pedi outra chance.
Quis e pedi outra fenda.
Quis e pedi outra dor - a de,
tendo visto,
voltar a cega.
Parece triste, mas por isso tenho o peito em festa.
Sem a cegueira, não me vejo.
Sem essa dor, que é a alegria:
achar tão desimportantes
as desimportâncias do mundo.
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